BL - Diário de Erika - 01  

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Nota: Bastardos da Loucura seguirá uma forma de diário diferente; os eventos não serão escrito em conto ou em fichário, e sim são como Erika os lembra e escreve em seu diário, e serão escritos por Lich.

Sessão 1






Guerreiro, 1ª semana - 11 4E

Diário,

Faz tempo que não escrevo. Não tive forças nem animo, acho que sequer tive os meios. Mas sinto que é importante escrever estas palavras que não posso falar a ninguém, porque ninguém entenderia. Talvez a Raquel o faria, ou a Cibele, mas as duas estão longe.

Em todo caso, a Cabala de Izack esta morta. Eu não sei quando nem sei como, mas ela esta morta, não existe mais. Druhar, o rei dos Urdur, esta morto, ao igual que Siegfried e sua esposa, que Aveshai, que Kazaraath, Marilia, aquela moça simpática que cuidava dos cavalos, e o escudeiro do sir Avellion, e Jonas o criador de cães e o mestre da guarda de Siegfried, o Joachim, Murok o caçador e o padre Kalit também estão mortos, a cozinheira Tatia e aquela bonita urdur que arrumava as armas, a Dolgana, aqueles três garotos simpáticos, o Milo, a Fiona e o Akil estão mortos e diversos outras pessoas que chamei de amigos.

Eu sobrevivi.

O problema é que os dragões, Ashardalon e as maquinações de Ekaria não sumiram.

Eu confesso. Tinha muita vontade de largar tudo, de pegar minhas coisas e ir para algum lugar longe, onde fosse mais fácil esquecer. Mas não posso. Izack não deixaria. Raquel não me permitiria.

Estou cansada.

Mas não posso parar. Val e Kallenish vieram até mim, pedi para eles enviarem convites. Aqueles que sobraram, aqueles que ainda podem fazer a diferença. Há coisas que só eu sei e que devem ser levadas ao mundo, ou todos nos vamos morrer e tudo será em vão.

A cada dia que passa, se torna mais difícil acordar. Se torna cada vez mais difícil diferenciar o que é real do que é mentira, do que é sonho. Quando os sacerdotes d'O Sonhador protegiam meus sonhos eu não sabia quanto isso valia. Tinha esquecido de como era ter pesadelos. Mas agora os pesadelos são diferentes

Antes eu sonhava com o véu. Lembro do sol vermelho no céu, como um olho de um deus cruel, sempre olhado imóvel e sádico. Lembro dos pássaros, pássaros obscenos e aberrantes por todos lados. Lembro que as vezes sonhava com a Raquel, mas ela sempre morria. Sempre eu terminava banhada no sangue dela.

Agora é diferente. Sonho com o ataque dos dragões e é tão vivido. Todas as noites eu vejo meus amigos morrerem, e todas as noites eu morro também. Sempre a mesma cena sempre diferente. Não sei mais o que é verdade ou o que é mentira. Só sei que eles estão mortos. E eu sobrevivi.

Acordei hoje da mesma forma, tendo um pedaço de mim arrancado no mundo dos sonhos. Noor estava lá. Ela nunca vai falar isso, mas eu estaria morta sem ela. Sem ela e sem o Raagras. Mais um motivo para continuar andando, acho.

Val me avisou que a reunião estava quase pronta. A nova cabala. Uma Cabala da Erika agora. Uma cabala que não deveria ser. Lúcian me pergunta a que ponto chegamos, estamos convidando para nos vilões e assassinos. O que posso responder a ele? Se a cabala de Izack era grande, ampla, poderosa, como ele, não sei o que sinto ao ver que a minha é torta. Menor. Falha.

Em todo caso, estavam todos lá. Lúcian tinha mudado. Parecia em desde que acordei ele tinha crescido uns 10 anos. Sua expressão é mais firme, mais séria. Acho que Siegfried deve ter sido igual quando jovem.

Lucian tinha me ofertado uma nova vida. Não com ele, é claro, mas sabe... Ele dizer... Dizer que não preciso ser assim sempre, foi bom. As pessoas sempre esperam que eu faça o que tenho que fazer, e eu faço, mas... Não sei... Eu estou cansada.

Mas não posso parar agora. Talvez essa vida que ele prometeu não exista para mim. Sempre vai haver um novo monstro, um novo mal. Sempre. Como poderei eu parar e descansar? Olha para todos eles, voando como mariposas ao fogo, como moscas se espiralando, deixando-se guiar pelos seus prazeres, sempre a procura de algo mais que consumir. Como posso descansar se o mundo é feito de pessoas que preferem ignorar que o mundo esta morrendo, a cada dia, um pouco mais?
Lucian parecia um homem, não mais um garoto, e eu sinto tristeza por ele. Ele não deveria ter passado por isso.

Raagras também está lá. Eu sei que pode ser loucura, mas eu não acredito que ele está lá por nada. Raagras, ele está aqui por alguma razão, e é algo importante. Não sei... eu sinto que de alguma forma consigo entender ele. Somos parecidos, eu e ele.

A nova cabala estava reunida. Eles sempre esperam que eu fale algo. Não sei o que falar, não sei como falar o que sei sem que pareça desespero, sem que mostre que eu não sei o que fazer. Eu não sei. Mas eles estão la por mim, e por isso eu faço o meu melhor para tentar lhes dar um pouco de confiança no que digo, nas coisas que sei.

Eu conto para eles das coisas que vi e das coisas que sei, olho para cada um, bem nos olhos, quero que eles vejam. Eu matei deuses, eu matei demônios. Eu marquei os céus com meus feitos, é isso que quero que eles vejam. O mundo pode ser salvo.

Não foi o que aconteceu. Do nada, um urdur que não tinha visto, ao qual não tinha sequer prestado atenção, puxa uma besta e atira contra mim. Novamente a dor e o calor elétrico da morte se aproximando. Não posso parar.

Uma confusão se armou enquanto eu era arrastrada para fora, Luna e o Lorde Xeloksar, e Gaborn me empurram para longe, enquanto outros ficam, lutando contra... contra Ekaria. Ela sabe.

Eu odeio isto, me sentir frágil, me sentir fraca. Eu mal conseguia caminhar, um virote cravado no meu peito, no meu coração. Eu odeio ser fraca. Porque eu não morri? O que me segura?

Fomos para a Rosa Purpura. Assim que foi o começo da Cabala da Erika, metade deles mortos, pelo único motivo de estarem comigo. Por mim.

Estou cansada. Eu nunca descansei bem sem a Raquel. São pesadelos ou sonhos vazios. Desta vez tenho que escolher o pesadelo e mergulhar nele. Eu vivo por aqueles que morreram por mim, não posso morrer.

A Cabala não pode morrer. Ou tudo será em vão.

This entry was posted on sábado, julho 25, 2015 at 00:51 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

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